sábado, 11 de março de 2017

2. Como funciona o capital especulativo?

Do que se trata o especular. 

Imagine que você compra uma garrafa de água numa banquinha da praia por, digamos, R$ 2,00. Então resolve vendê-la para algum banhista que, debaixo do sol e longe da loja, não quer se deslocar para adquirir o líquido. No entanto, não venderá essa garrafa pelo preço que pagou, irá comercializá-la com uma margem de lucro, com o valor final de R$ 4,00. Até aí, nada demais; você está cobrando R$ 2,00 a mais pelo trabalho que teve de trazer a garrafa e não bebê-la, e ele, mesmo sabendo do valor real da garrafa, não se importa de te pagar mais para não ter que andar até a loja. É claro, esta pode não ser uma situação casual, você poderia ter feito isto premeditadamente: sendo um vendedor de bebidas ambulante, especulou que sob o sol forte, e longe da barraca, alguém pagaria mais pela água apenas para não ter o trabalho de ir buscá-la. Ou seja, você especulou que o preço seria maior e realmente conseguiu um valor maior por isto, obtendo assim lucro. Esta é a base do especular. Especular faz parte do capitalismo como um todo; você produz ou compra algo por um preço menor do que aquele praticado na venda final. De certa forma, isto não é problema, em principio. Mesmo em comunidades onde não existe o capital, existe a troca de bens e serviços: dez ovos de galinha por uma flecha, um punhado de batatas por dois punhados de arroz, um pedaço de carne de veado para quem tiver o trabalho de prepará-la. Apenas comunidades muito coletivas são diferentes; como as indígenas, onde os trabalhos são organizados do todo para o todo. Mas nas demais comunidades humanas especular faz parte das relações. Aliás, até nas ações indígenas mais rudimentares havia a especulação, ou entre objetos sem valor comunitário (uma pedra diferente que achei por uma pena de um animal raro), ou entre comunidades indígenas que trocavam itens (uma oferenda sagrada por objetos sagrados etc). Então podemos supor, sem claro fechar esse pensamento, que especular faz parte das relações humanas básicas. Especular é a forma de trocar bens ou força de trabalho de forma simbólica; afinal, quanto vale mesmo uma hora do meu esforço? Quanto vale eu te trazer a garrafa de água? Quanto vale meu punhado de pão ou seu punhado de ovos? São questões que, como humanos, temos de responder. Não podemos mais deitar na sombra e esperar a fome bater para caçar nosso alimento. É graças a troca movida pela especulação que as civilizações adquiriam escrita, cálculo, desenvolveram cidades, história e, enfim, onde parte da raça humana se tornou humana como a conhecemos. Mas igual a tudo, especular teve e tem seu lado negativo: quando ela deixa de ser apenas uma força simbólica de avaliar bens e força de trabalho se tornando uma forma simbólica de avaliar o próprio símbolo. Ou seja, quando ao invés de se cobrar um valor maior de algo por conta de condições específicas (como a água mais cara porque alguém se deu o trabalho de buscá-la) nos passamos a cobrar pela própria especulação.


Especulando a especulação. 
Voltando ao nosso exemplo anterior: o vendedor ambulante de água na praia. Digamos que outro homem, o “empreendedor”, perceba o quão lucrativo é sair vendendo as garrafas na praia. Porém, ele não quer se dar ao trabalho de vender essa água; na verdade, ele não quer se dar a trabalho nenhum, só quer ganhar um dinheirinho fácil. Desta maneira, tem uma ideia brilhante: percebe que o pobre vendedor ambulante carrega uma quantidade pequena de garrafas e ganha o suficiente apenas para alimentar sua família. Se o ambulante pudesse comprar e levar mais garrafas, ganharia muito mais; pois a praia tem gente demasiada querendo comprar a água e poucas pessoas para vendê-la. Desta maneira, o empresário decide conversar com o vendedor ambulante e propõe um acordo, ao meu ver, escuso: usando seu próprio capital adquire um carro com rodinhas e o enche de garrafas de água, dez vezes mais do que o ambulante antes podia carregar. Neste acordo, o ambulante não precisa mais pagar pelas garrafas, apenas precisa vendê-las. Elas continuam valendo R$ 2,00 e vendidas por R$ 4,00. No entanto, o ambulante terá que pagar não só o investimento de R$ 2,00 a cada garrafa que vende ao empresário, terá que pagar R$ 3,00 e ficará com apenas R$ 1,00. Para o ambulante, parece um bom negócio: mesmo ele tendo que vender o dobro de garrafas só para atingir a meta do lucro anterior, ele acredita que agora possui a chance de vender mais garrafas e, assim, tirar um lucro maior. E na verdade tem, se andar mais que o dobro do tempo que andava e usar mais força do que usava empurrando o carinho, obviamente irá lucrar mais. Obviamente, há um gasto energético e de tempo superior aode ser um simples ambulante; porém ele está convicto que está lucrando com sua forma de trabalho. Talvez esteja. Porém, quem ganha mais nessa história? obviamente que o o empresário, pois ele ganha sem trabalhar, ele ganha apenas especulando o especulação. Afinal, sua única preocupação é: Irei investir nesta praia ou em outra? Este ambulante é mais promissor que outro; ele trabalha mais ou trabalha menos? Invisto em água na praia ou cocada no centro da cidade? São estas decisões que irão colaborar para seu lucro ou seu prejuízo. Mas tem alguns poréns - os produtos que comprou sempre serão seus (na pior das hipóteses vende tudo ao preço de custo e recupera o capital para investir em outra coisa), ele também investe em mais de um negócio (se o ambulante de água não der lucro, o da cocada pode dar o suficiente) e como não gastou seu tempo ou sua força de trabalho, ele ainda pode usufruir dessas para se recuperar de imprevistos. É  claro que isto se trata de um exemplo simples, mas é fácil de perceber como funciona as bases do nosso mercado financeiro: gente que não trabalha ganhando dinheiro pelo trabalho dos outros. E a coisa fica ainda pior.

O trabalho real vale menos e o especulativo vale mais.
Se aprofundando no exemplo do vendedor ambulante.  Agora ele trabalha cinco vezes mais horas que antes e também tem um esforço de empurrar a barraca que o cansa de três a quatro vezes mais (mesmo que cubra a mesma distância anterior com um esforço menor, por conta das rodinhas; afinal, ele tem que andar mais e empurrar um peso maior). Mas está satisfeito, não só sustenta sua família como tem dinheiro para comprar bugigangas. A princípio, a maioria dos vendedores, que antes ganhavam seu sustento na praia como ele, sumiram; o ambulante empresariado tomou o lugar deles. Porém, por alguma razão, alguns desses vendedores sumidos estão voltando, agora recebendo dinheiro de outros empresários. Todos tem sua barraquinha com rodinhas e muita água. A quantidade de pessoas que existe na praia é a mesma, mas a quantidade de água vendida é bem maior. A partir de agora não adianta o ambulante andar mais, não tem mais praia para ir; ele só tem uma opção para continuar vendendo a mesma quantidade que antes, baixar o preço. No entanto, o empresário, que não trabalha, não quer perder o lucro que já recebia antes por cada garrafa, assim ameaça o vendedor de retirar sua barraca e suas garrafas de água que, na real, são do empresário. Pois este sabe que pode passar a barraca para qualquer um dos antigos ambulantes desempregados por um valor menor, pois eles precisam se sustentar. E mesmo que não faça isso, o empresário tem a cocada e muitos outros negócios rentáveis que não o deixarão na mão, este é só mais um dentre tantos. Já o vendedor ambulante só tem este, se perdê-lo, seria o fim; assim decide baixar o preço, mas manter o lucro do empresário investidor. O mesmo ocorre com os demais, os preços vão baixando e seu lucro diminuindo ao ponto do ambulante trabalhar muito mais do que antes, porém, com os mesmos lucros de quando não tinha um investidor. 

Ganha quem mente melhor.
Porém o ambulante não está satisfeito, as coisas estão piorando. Está começando a ganhar menos ainda do que quando trabalhava sozinho. Não pode mais tentar viver como antes, pois está concorrendo com outras barraquinhas ambulantes, também não pode largar seu emprego ou vai passar fome. No meio da crise, decide ter uma ideia, acredita que foi enganado e chegou a hora de enganar. É óbvio que ele não pode passar a perna no investidor, seria perigoso demais ter qualquer ideia mirabolante que acabasse irritando seu “chefe”. Decide fazer isto com os próprios clientes. Mas como? Que tal não comprar mais água na loja, poderia pegar de alguma fonte qualquer no meio da mata próxima. E se alguém descobrir, não seria preso? Bom, é possível reverter essa situação explicando que a água vem de uma fonte da mata. Porém o que faria as pessoas beberem da fonte da mata, ela deve ser mais pura, ela é feita por deus, ela é mais saborosa porque vem direto das riochas vulcanicas. Esta aí, o homem inventa a primeira marca de água da praia: Benção da Natureza - a água mais saudável e gostosa porque vem direto da fonte. O vendedor cria uma embalagem especial, de barro. Decide dizer que o barro era utilizado nas civilizações antigas e por isso está na Bíblia que eles viviam quatrocentos anos. Assim ele vai reunindo uma gama de informações supostamente verdadeiras e descontextualizadas para criar essa sua marca. A Água da Benção custa mais caro por conta dessas propriedades abstratas que ela tem. Talvez possa parecer engraçado, mas é o mesmo que se faz hoje com qualquer produto: não é o melhor que custa mais caro, mas aquele que gasta mais em publicidade. Só para se ter uma ideia, a industria farmaceutica gasta mais em publicidade por ano do que em pesquisa. Não é o melhor remédio que custa mais caro, mas o que foi mais publicizado. E a única função da publicidade é a mesma que nosso pobre vendedor ambulante imaginou de forma rudimentar - mostrar qualquer coisa abstrata que o produto tem de diferente para fazê-lo custar mais caro e/ou vender mais. (Veja o exemplo da industria farmacêutica clicando aqui).


Os 1% mais vagabundos. 
Através do exemplo anterior, você pôde entender, de forma rudimentar, como funciona a especulação financeira. É óbvio que a coisa é um pouco mais complexa; principalmente devido as proporções que o sistema toma numa escala global. Da mesma forma, a publicidade e propaganda modernas não surgem de uma simples mentira, elas são fruto de um sistema mais complexo cujo início real poderia ser atribuído a Joseph Goebbels e os seus princípios da propaganda nazista. É possível até imaginar a publicidade e propaganda modernas como enganosas lá no inicio, mas hoje este tipo de “enganação” é mais sútil. As empresas de marketing e publicidade trabalham esperando prever sua reação a determinado atributo que o produto de fato tem, mas que em suma é supérfluo. Seja como for, não iremos nos ater à essas questões da publicidade. O que é preciso entende é como funciona o mercado especulativo e suas repercussões negativas no mundo real. A primeira coisa é que o sistema ainda mantém a característica do nosso exemplo do vendedor ambulante, mas numa escala nacional ou mundial. Pessoas com muito dinheiro, os investidores, colocam seu capital em empresas e empresários que julgam potenciais de lucro. No exemplo anterior, tínhamos o próprio empresário investindo em seu negócio. Mas a partir do momento em que ele começa a investir em diversos vendedores ambulantes de água e em muitas praias, ele cria uma rede com o nome de uma marca. Aqui ele próprio precisa de alguém que invista em sua rede. E é nesta que os investidores capitalistas poem seu dinheiro. A marca pode ser local, nacional ou internacional. Se você leu o primeiro item deste tópico (as grandes corporações) já entendeu como funcionam esses conglomerados e sua influencia no mundo. Acontece que o investidor só irá colocar seu capital nas marcas que tem certa certeza de lucro, as que já são grandes o suficiente, obviamente recebem maiores somas, pois o risco é menor. Isto faz estas empresas maiores crescerem ainda mais e, obviamente, estenderem seus negócios e poder. Mas se lembrarmos do vendedor ambulante, ele tem obrigação em obter um lucro esperado para o investidor. Como está concorrendo com outros de mesmo potencial, precisa fazer o que for necessário a fim de manter os lucros altos para não sair perdendo e não perder o investidor. Lá, ele resolve enganar os clientes, aqui as empresas não só ludibriam os clientes como criam um sistema terrível chamado “externalidades”. Veremos do que se trata as externalidades mais a seguir. A questão que deve ficar clara aqui é que temos uma bola de neve onde, por um lado empresas precisam influenciar clientes obtendo lucros maiores a fim de agradar investidores e não saírem perdendo, e do outro um monte de pessoas que não trabalham de fato estão enriquecendo as custas dos verdadeiros produtores que ganham cada vez menos. Para se ter uma ideia, uma calça da Nike custa em média $ 0,14 para ser produzida. Geralmente quem costura essas calças, mal tem para cobrir suas próprias necessidades. Outro exemplo são os produtores de Cacau da Costa do Marfim (clique e veja o vídeo aqui).  É uma bola de neve: investidores (insisto, aqueles que NÃO trabalham) pressionam empresários por lucro, empresários pressionam a rede e a rede pressiona os trabalhadores. Isto acontece por meio do mercado financeiro, com a venda de ações das empresas. No final, os investidores, em geral 1% da população mundial, detém a mesma riqueza dos outros 99% sem nunca terem trabalhado. 
https://awebic.com/educacao/carta-aluno-autista/

2. A troca de informações, bens e serviços entre os núcleos.

Texto em construção

O sistema hiperhumanitário dá um grande poder à núcleos reduzidos (os executivos) que executam suas próprias leis e provém suas próprias necessidades em um pequeno espaço no mundo. Desta maneira, como há muito tempo não acontecia na história humana, todos os indivíduos envolvidos num núcleo se tornam “donos” de determinado espaço; iguais a tribos indígenas da antiguidade. O fato de serem aglomerados pequenos, de no máximo dez mil pessoas, ajuda para administrarem seus recursos corretamente, se conhecerem e também evita que determinado grupo adquira algum tipo de poder forte o suficiente a fim de oprimir outros núcleos humanos. No entanto, muitos poderiam afirmar que este tipo de sistema limita as trocas de informação, confinando os indivíduos em um pequeno espaço e assim não permitindo que haja conexões com o mundo ao redor, ajudando a estagnar qualquer evolução. Porém, devemos perceber que os núcleos são uma organização política, não econômica. Aqui o capital e a propriedade privada continuam a existir, assim como profissões, empresas e todo o sistema de informação já vigente. É certo que, para funcionar bem, é necessário que haja a aplicação do primeiro item do manifesto: o fim das grandes corporações, do capital especulativo e dos bancos. No entanto, o capital ainda estará em fluxo, ainda haverá a necessidade da troca de bens e servições, de setores energéticos, alimentícios, informáticos, de saúde, culturais, enfim, de toda a complexa rede de interações que permite a evolução do sistema. A diferença é que essas instituições deixam de pertencerem a pequenos grupos ou ao estado e se tornam propriedades de todos os indivíduos. Também deixam de ser grandes sistemas conglomerados que impedem a inovação. 

HIPERDEMOCRACIA



1. As características do sistema.

As intenções do sistema. 
A hiperdemocracia tem como objetivo ser um sistema mais humano e participativo, onde todo indivíduo, os grupos e a sociedade possam estar em constante evolução sem que para isto se prejudique a biosfera, as liberdades individuais, a vida e bem-estar de nenhum individuo humano ou o conjunto do sistema como um todo. Para que isto seja realmente eficaz é necessário se prever e suprimir o máximo possível às capacidades dos indivíduos de agir apenas em beneficio próprio prejudicando totalmente o conjunto, mas, ao mesmo tempo, permitindo e até elevando às diferenças e características únicas de cada grupo ou pessoa. Tal sistema, hoje, também deve organizar os grupos humanos numa realidade como a século XXI, ou seja, não apenas levando em conta a organização das pessoas em determinado espaço e tempo, mas entendendo a forma complexa e plural que os aglomerados cosmopolitas se relacionam entre si. Também é necessário levar em consideração a questão psicológica individual: tem de satisfazer e integrar sistematicamente os desejos únicos dos envolvidos à partir de um modelo aberto que possa estar sempre em constante evolução, que nunca deixe sua energia decair, mas ao mesmo tempo possa ser controlado de forma simples por todos os envolvidos. Um sistema mais parecido com o que acorre na natureza e nos sistemas de informação, onde tudo está sempre em constante troca energética (na hiperdemocracia as pessoas se influenciam alterando sempre o sistema como um todo de forma sintrópica, diferente do que ocorre hoje, que é uma forma individualista, entrópica).  
Núcleos: a divisão do poder em forma fractal. 
A hiperdemocracia pega de empréstimo as concepções relacionadas aos sistemas de informação do século XXI que funcionam, sobretudo, através de um modelo fractal, e também traz a pauta uma conjuntura mais parecida com o sistema democrático grego, muito diferente do atual, readaptando esse antigo sistema às necessidades de um mundo infinitamente maior e evolutivamente mais rápido do que as pequenas cidades-estado gregas.  Para isto o poder é divido em núcleos: espécies de comunidade de pessoas que administram determinado espaço ou recurso. Essas comunidades se relacionam e fiscalizam entre si. A princípio é um pouco complicado explicar como a relação dessas comunidades é benéfica e como suas trocas funcionam sem que se tenha em mente cada tipo e função de um núcleo; se faz necessário então explicar como são esses núcleos para depois estabelecer sua relação e benefícios:

Núcleos executivos.
Os núcleos executivos são comunidades de, no máximo, dez mil pessoas que moram próximas umas as outras. São como mini-bairros, ou, a grosso modo, um tipo novo de cidade-estado (no entanto, diferente das cidades-estado gregas, cada indivíduo pode mudar de núcleo à vontade, mas para participar de suas decisões deve ter uma residencia fixa nele). Este é o núcleo base em todo o sistema e o mais poderoso de todos. As pessoas envolvidas neste núcleo tomam e executam as decisões dentro dele e seguem decisões tomadas pelos núcleos superiores, porém, tem o poder de ignorar tais decisões desde que a maior parte dos moradores do núcleo concorde que certa medida é inapropriada. Da mesma forma é este núcleo que controla seu próprio fluxo e aplicação de recursos financeiros. Aqui não há  impostos, é o núcleo como um todo que investe seu dinheiro no patrimônio da maneira que melhor julgar apropriada. Todos os envolvidos tem poder de voto e de legislar sobre as necessidades do núcleo como um todo. Para isto, existe um sistema eletrônico onde os cidadãos se registram online e votam semanalmente nas propostas que foram feitas (uma plataforma que será melhor destacado mais a frente). É claro que para um núcleo deste porte não cair no caos, ele precisa de administradores que organizem todo este sistema, os quais são escolhidos entre moradores do núcleo e substituídos a cada quatro anos. A escolha é feita também através do sistema virtual, cada individuo interessado em participar da administração do núcleo coloca seu nome na plataforma de acordo com suas aptidões (a grosso modo um arquiteto será escolhido para organizar as questões urbanas, um contador, os recursos financeiros etc) então a plataforma sorteia aleatoriamente um escolhido através dos dados informados. A escolha é feita de forma aleatória para evitar que o sistema seja representativo e se torne mais democrático (maiores informações veja o vídeo). Claro que deve haver um certo cuidado aqui, apesar do núcleo ter poder sobre ele mesmo não é independente de todo o sistema. Os outros núcleos ter influência sobre ele. Pois é a única forma de evitar que, mesmo num grupo de dez mil pessoas, as maiorias possam afetar negativamente às minorias.

Núcleos administrativos.
Em pleno século XXI é impossível se pensar um mundo sem grandes setores energéticos, científicos ou informacionais como, por exemplo, hidrelétricas, industria de base e telecomunicações. Obviamente um núcleo do tamanho e com os mínimos recursos que possuem os executivos não teria como administrar nem mesmo desenvolver tais setores. Desta maneira, na hiperdemocracia existem os núcleos administrativos, que são grupos de pessoas escolhidas, de acordo com suas capacidades profissionais, para administrar tais recursos. Aqui a administração não é eleita de forma aleatória como nos executivos, os envolvidos na administração desses recursos são escolhidos pelo poder de voto de todos os núcleos envolvidos. Por exemplo, digamos que dezessete núcleos dependem de determinada hidrelétrica, então serão estes dezessete núcleos que, através de plataforma virtual, irão escolher os administradores de tal recurso. Tais administradores não terão salários (excluindo a necessidade de impostos), no entanto, eles cobram pelos recursos que administram a fim de cobrir a manutenção e para seu próprio lucro como administrador. A administração uma vez escolhida, não precisa ser trocada constantemente, mas pode ser aberta novas eleições a qualquer momento se os núcleos executivos envolvidos julgarem que os lucros da administração atual são abusivos ou que eles fazem um mal trabalho, votando assim pelo seu fim. Ou seja, boas administrações são premiadas com a permanecia em seus cargos e as más são constantemente recicladas. Claro que o julgamento do que se trata uma má administração pode ser meio dúbio do ponto de vista técnico, desta forma, antes de serem abertas novas eleições, as administrações podem tentar se defenderem com dados transparentes de seu fluxo de capital e problemas internos. Mesmo assim, se os núcleos executivos julgarem a administração inapropriada, serão abertas novas eleições. Da mesma maneira o grupo administrativo eleito para tal núcleo pode internamente decidir pela expulsão de um ou mais administradores que não estejam dando conta satisfatória de suas funções. Mas a substituição deles deve ser feita novamente por eleições envolvendo os núcleos executivos. Isto impede as trocas de favores e também evita o máximo possível a corrupção dentro do sistema.

Núcleos sociorganizacionais.
Estes núcleos tem por função organizar os sistemas sociais e culturais dentro ou entre núcleos. Não devem intervir, de modo algum, em decisões feitas pela maioria, desde que elas não prejudiquem nenhum individuo ou o meio-ambiente. Desta maneira, sua principal obrigação é mediar conflitos entre núcleos ou mesmo pessoas dentro de um mesmo núcleo. Também cade a eles assegurar que nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos seja oprimido dentro dos sistemas que por eles são administrados, assim como devem evitar abusos e organizar as políticas para o meio ambiente. Os núcleos sociorganizacionais podem agir em conjunto com os administrativos ou mesmo com um grupo de núcleos executivos para criarem alternativas aos problemas sociais e ambientais. São eles que, porventura, cuidam de órfãos ou de possíveis excluídos dos demais grupos, criando alternativas e oportunidades para que nenhum ser-humano dentro do sistema seja abandonado. Também ajudam a manter, evoluir ou até mesmo criar as manifestações culturais dentro do sistema. Ou seja, diferente dos núcleos anteriores, mais concretos, são eles que mantém as energias psíquicas do grupo em evolução. Sua maior importância é exatamente esta, manter um núcleo ou grupo de núcleos em evolução e troca energética, fazendo de conflitos oportunidades para novas ideias e não deixando que os humanos se autodestruam ou destruam o meio-ambiente. Cada núcleo sociorganizacional deve manter, no máximo, cem núcleos executivos. Seus administradores são escolhidos entre os cidadãos dos executivos que por eles são administrados. A escolha é feita entre os indivíduos na plataforma digital, também de maneira aleatória. O número máximo de indivíduos provindo de cada núcleo executivo deve ser relativamente igual para equilibrar o poder. A troca de administração é feita de quatro em quatro anos, mas diferente dos demais, este é um núcleo cujo novas eleições não podem ser convocadas pelos executivos. Afinal, se trata de uma organização que serve exatamente para mediar os conflitos e não pode, de forma alguma, ser influenciada pelos humores momentâneos dos executivos. No entanto, um núcleo sociorganizacional que pareça abusivo pode ser desmantelado por um grupo de mais de dez outros sociorganizacionais que dividirão sua administração até as novas eleições, porém, este desmantelamento só pode ser analisado após os núcleos executivos (administrados pela suposta opressora) ou o de conexão fazerem um pedido de análise de desmantelamento. Aqui, os recursos destinados ao núcleo são obrigações dos executivos a ele ligados, porém seus valores são votados pelo de conexão ao qual estão conectados. 

Núcleos de conexão. 
O núcleo de conexão tem a mesma função dos núcleos sociorganizacionais. A diferença é que, ao invés de administrarem executivos, eles administram cem núcleos sociorganizacionais. Também todos os núcleos de conexão são ligados entre si e mantém um contínuo fluxo de informação a fim de fiscalizarem os núcleos administrativos dentro do sistema. Sua obrigação é detectar possíveis problemas e abusos, sobretudo no que diz respeito a biosfera e a condição humana. Desta maneira é possível criar uma troca de informação e energia constante entre todos os núcleos e evitar ao máximo conflitos ou má gestão dos recursos. A eleição para estes núcleos também é feita pela plataforma digital através de escolha aleatória entre pessoas competentes, com troca de cargo de quatro em quatro anos. Os salários são mantidos pelos núcleos administrativos a ele conectados e o valor votado pelos executivos.

Núcleo sociocientífico.
Este é um núcleo à parte, pois sua importância para a evolução dos demais grupos é tamanha que o terceiro item do manifesto hiperhumanista visa deixar claro a obrigação que todos os indivíduos tem para investir e desenvolver tal núcleo. É  composto por cientistas de todo o mundo que tenham interesse em aderirem a tal. Neste núcleo existe uma plataforma própria com leis internas que serão propostas e votadas apenas pelos intelectuais a ele ligados. Sua função é desenvolver o pensamento cientifico a fim de evoluir a humanidade e preservar o meio-ambiente. Os envolvidos devem disponibilizar de forma gratuita todos os avanços técnicos desenvolvidos dentro do núcleo (patentes livres). Também é sua função propor leis aos de conexão a fim de proteger a biosfera e a raça humana como um todo. (veja mais informações no item 3 das finalidades do movimento hiperhumanista). 

A plataforma digital hiperhumanista
É de se supor que um sistema como este, totalmente integrado e com decisões feitas em conjunto, necessita de uma maneira ágil e direta para votações. Mesmo que o menor grupo do sistema possua apenas dez mil indivíduos, ainda é um grande demais para que todos se juntem fisicamente a fim de debater e propor suas ideias. Desta forma, todo o sistema hiperhumanista deve estar centrado numa hiperplataforma digital totalmente integrada. Nela, os núcleos de todo o mundo ou de uma nação precisam estar disponíveis e conectados. Cada cidadão deve ter sua senha individual e deve apenas ter o acesso liberado às votações que a ele competem. No entanto, o acesso ao que acontece aos outros núcleos deve ser livre, assim como o acesso as planilhas de fluxo financeiro e produção intelectual (totalmente catalogada e organizada). A ferramenta precisa ser dinâmica e inteligente. Quando um indivíduo se inscreve para ser eleito como administrador de algum núcleo, assim que é eleito, com a mesma senha terá acesso ao conjunto administrativo da plataforma que o compete e que antes não possuía, assim como o contato com os outros indivíduos que pertencem a tal administração. Da mesma maneira, o cancelamento da administração deve ser automaticamente atualizado, impedindo que o mesmo individuo tenha acesso as antigas informações e liberando estas aos novos administradores digitalmente eleitos. Já as propostas de lei ou aplicação de recursos em cada setor necessitam de uma classificação muito bem delineada a fim de separar itens de interesse e fluxo de recursos disponíveis para aplicações. Afinal, não são todos os indivíduos que irão votar em todas as propostas de seu núcleo, isso seria impraticável. Cada pessoa irá votar nas áreas de seu interesse maior e a plataforma irá calcular as abstenções e o voto da maioria. Porém, a classificação dos itens precisa ser bem cuidada a fim de que não limite nenhum tipo de proposta inovadora. A plataforma também deve possuir setores para debates, onde os integrantes poderão gravar seus discursos em vídeo que se intercalem de forma dialética, não truncada ou talvez com debates ao vivo em multitelas onde haja um administrador que libere a palavra de um palestrante por vez. Enfim, é um aparato extremamente complexo que deve ser pensado em conjunto por técnicos e pensadores do setores informático e social. Criar esta plataforma à partir dos ideias hiperhumanistas é praticamente dar o passo fundamental para por em prática este sistema político no mundo. Uma plataforma que iluminará as interações entre as novas gerações e elevará nosso potencial evolutivo a um nível jamais visto até então.

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3. Externalidades e o mega roubo.


TEXTO EM CONSTRUÇÃO

* de recursos naturais. 


A economia mundial é um bem privado. 
O sistema monetário é regido por empresas privadas. A própria Reserva Federal, Banco Central dos Estados Unidos, é uma empresa particular. Ela é quem “imprime” moeda nova ao governo americano, que “paga” essa quantidade de dinheiro em títulos do governo, que deverão ser pagos posteriormente a Reserva Federal COM JUROS. Aí é que tá o macete. O próprio governo americano, que deveria ser o órgão regulador de sua economia (que é a maior do mundo), na verdade, só pode colocar dinheiro novo em circulação abrindo novas dívidas com juros com um banco particular (no caso a Reserva Federal). E fazendo uma conta rápida, se os bancos são os detentores de praticamente todo crédito cedido a juros e também os criadores do dinheiro (que é cedido ao governo com juros), então para todo dinheiro em circulação, existe um juros a ser pago. Portanto, não existe dinheiro suficiente para pagar todos os juros aos bancos! Entenderam? O sistema financeiro é perfeitamente estruturado para construir um dívida que nunca poderá ser paga (como diz aquela música: e o motivo todo mundo já conhece é que o de cima sobe e o de baixo desce); 
– Instituições financeiras internacionais (como o FMI e o Banco Mundial) são empresas privadas com poder monetário suficiente para tornar nações inteiras (na maior parte dos casos, países subdesenvolvidos) reféns de juros absurdos. Para sanar dívidas externas, alguns governos cedem as pressões internacionais e abrem espaço para entrada de corporações em seus países, que não visam nada além do lucro, e abusam de seu poder financeiro para burlar e até mesmo aprovar leis trabalhistas, sociais e ecológicas a seu favor naqueles países através de muita propina. Essa prática imperialista sempre favorecerá atos como desmatamentos, despejo de produtos químicos em rios, contrabando e trabalho escravo, etc; 
jhgajhajah

1. As grandes corporações.

A ilusão da escolha. 
A literatura cyberpunk do século passado difundiu o termo megacorporação que se referia a ideia de uma empresa multinacional, a qual atingiu um lucro tão exorbitante que chegava a ultrapassar o PIB de muitos países; desta maneira a empresa utilizava seus recursos para construir uma espécie de estado próprio detendo o poder das leis e da vida dos indivíduos que nesse suposto estado vivessem. Naquela época, a ideia parecia apenas um vislumbre imaginário de uma realidade impraticável. No entanto, apesar dessas megacorporações com poder de estado ainda só existirem na imaginação dos artistas, a verdade é que o fenômeno de acúmulo do capital em um número reduzido de empresas tem crescido e seu poder, sim, já afeta a vida de todos os indivíduos e até dos estados. Por exemplo, apenas dez empresas controlam quase tudo que você consome em alimentos no mundo e, por consequência, detém o fluxo financeiro desse capital de consumo alimentício. Um gráfico da “The Illusion of Choice”, divulgado pelo sítio PolicyMic, deixa claro como a maioria das marcas consumidas  são controladas pelas mesmas poucas empresas.Uma delas, a Mars, detém marcas como Twix, M&M’s e Snickers, além de controlar rações animais, como Whiskas, Pedigree e Royal Canin. A Nestlé, além de chocolate, também detém marcas de ração para animais e dos cosméticos Maybelline e Vichy. Veja o quadro:






Ok, mas e daí o que isso significa na prática? Significa que apesar de achar que está escolhendo entre marcas e produtos diferentes, na verdade está consumindo coisas impostas por um número reduzido de empresas. No fundo, não há muita diferença entre um produto e outro, o que limita totalmente a inovação e criatividade dentro da indústria. Limita também nosso poder de escolha; se uma empresa prejudica o meio ambiente, poderíamos optar por outra que supostamente não o prejudica, porém, no fundo, todas são frutos do mesmo ramo. Mas este é o menor dos problemas, a questão aqui é muito maior e preocupante. Se poucas empresas controlam o fluxo capital no mundo, isto quer dizer que qualquer tipo de empreendedorismo se trata de uma ilusão. A lógica do próprio sistema capitalista e, consequentemente, meritocrático, é posta em cheque: ou você trabalha para uma grande corporação ou a grande corporação o destrói assim que crescer. Existem exemplos escancarados, igual o caso do Guaraná Jesus ou da Matte Leão (empresas que obtiveram sucesso regional, mas foram pressionadas por uma grande corporação a tal ponto que necessitaram serem vendidas para esta corporação). Nas últimas décadas, estas corporações tem aumentado seus lucros de maneira alarmante e num ritmo cada vez maior. Agora, de fato, estão prestes a se tornarem as megacorporações da literatura cyberpunk principalmente a partir das leis que tem sido aprovadas em países americanos e europeus a fim de satisfazer os interesses dessas corporações. O mundo está a um passo de substituir as democracias pelos regimes megacorporáticos.

As corporações afetam as políticas nacionais. 
Há pouco tempo o congresso brasileiro finalmente conseguiu aprovar o fim dos financiamentos privados de campanha. A medida foi adotada pensando nessa influência das corporações mais ricas que apoiavam os candidatos em prol de benefícios pós eleição. No entanto, na prática, tal medida não tem muito efeito; os partidos ainda podem receber doações de agentes privados (donos das empresas e seus acionistas), sem contar o fluxo de capital ilegal que nem nos damos conta e serve para molhar a mão dos políticos que cumprem seu papel em satisfazer os desejos de determinada corporação. Num sistema capitalista e humano, onde o desejo de riqueza e bem estar individual acaba sempre falando mais alto, não é de se espantar que sobre pouco para os políticos fazerem em prol do benefício coletivo. O estado se tornou, numa analogia chula, “a prostituta das corporações”. Darei alguns exemplos práticos. Nos EUA existe uma forma legal de molhar a mão do judiciário por meio dos acordos ditos “settlements” , onde corporações pagam uma multa, mas não precisam reconhecer a culpa por desastrares que eventualmente cometeram; evitando assim que os administradores sejam criminalmente responsabilizados. Ou seja, numa catástrofe como a de Mariana, a empresa só precisa pagar uma determinada multa, sem ninguém ser levado a julgamento ou eventualmente preso por conta das mortes e desastre ecológico causado. O que faz as empresas calcularem seus lucros através da simulação do “ mais vantajoso”: uma eventual multa compeça os lucros adquiridos com o esquema? Em geral a resposta é sim e as empresas agem de forma ilícita sem muita preocupação, afinal ninguém será preso e haverá lucro independente do que ocorra. No Brasil, não funciona exatamente como nos EUA, mas a burocracia ajuda as empresas a se safarem de suas responsabilidades. De acordo com o site da Folha de São Paulo “ Infratores ambientais pagam só 8,7% das multas aplicadas pelo Ibama, quando a dívida não é paga o processo contra a empresa leva em média oito anos para se concretizar. No final das contas, legalmente a dívida caduca e a empresa não necessita pagar mais nada. E não é só assim com o meio ambiente, mas em todas as esferas empresariais. Corporações como as telefônicas deitam e rolam em cima das leis, pois suas multas tem tetos muito baixo e são poucas as pessoas que insistem em levar os processos às últimas consequências. Deste modo, como já explicado, a corporação faz uma simulação entre lucros e perdas obtidos com seus desmandos; se o lucro é certo, a empresa age na ilegalidade sem nenhum tipo de remorso ou controle maior. “Hoje as corporações dispõem do seu próprio aparato jurídico, como o International Centre for the Settlement of Investment Disputes (ICSID) e instituições semelhantes em Londres, Paris, Hong Kong e outros. Tipicamente, irão atacar um país se este impuser regras ambientais ou sociais que o mundo corporativo julga desfavoráveis, e processá-lo por lucros que poderiam ter tido. A disputa jurídica constitui uma dimensão essencial dos tratados TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), na esfera do Atlântico, e TPP (Trans-Pacific Partnership) na esfera do Pacífico. Tais acordos amarram um conjunto de países com regras internacionais em que os Estados nacionais perderão a capacidade de regular questões ambientais, sociais e econômicas, e muito particularmente, as próprias corporações. Pelo contrário, serão as próprias corporações a impor-lhes — e a nós todos — as suas leis.” [Fonte]
Se quiser saber mais sobre a influencia negativa das corporações na sociedade moderna assista aos vídeosA Corporação; O mundo segundo a Monsanto; Cosmos: A Spacetime Odyssey - Episódio 7 Sala Limpa;  Bayer & Monsanto: Lucrando com a Doença e vendendo a “Cura”