sábado, 11 de março de 2017

1. As características do sistema.

As intenções do sistema. 
A hiperdemocracia tem como objetivo ser um sistema mais humano e participativo, onde todo indivíduo, os grupos e a sociedade possam estar em constante evolução sem que para isto se prejudique a biosfera, as liberdades individuais, a vida e bem-estar de nenhum individuo humano ou o conjunto do sistema como um todo. Para que isto seja realmente eficaz é necessário se prever e suprimir o máximo possível às capacidades dos indivíduos de agir apenas em beneficio próprio prejudicando totalmente o conjunto, mas, ao mesmo tempo, permitindo e até elevando às diferenças e características únicas de cada grupo ou pessoa. Tal sistema, hoje, também deve organizar os grupos humanos numa realidade como a século XXI, ou seja, não apenas levando em conta a organização das pessoas em determinado espaço e tempo, mas entendendo a forma complexa e plural que os aglomerados cosmopolitas se relacionam entre si. Também é necessário levar em consideração a questão psicológica individual: tem de satisfazer e integrar sistematicamente os desejos únicos dos envolvidos à partir de um modelo aberto que possa estar sempre em constante evolução, que nunca deixe sua energia decair, mas ao mesmo tempo possa ser controlado de forma simples por todos os envolvidos. Um sistema mais parecido com o que acorre na natureza e nos sistemas de informação, onde tudo está sempre em constante troca energética (na hiperdemocracia as pessoas se influenciam alterando sempre o sistema como um todo de forma sintrópica, diferente do que ocorre hoje, que é uma forma individualista, entrópica).  
Núcleos: a divisão do poder em forma fractal. 
A hiperdemocracia pega de empréstimo as concepções relacionadas aos sistemas de informação do século XXI que funcionam, sobretudo, através de um modelo fractal, e também traz a pauta uma conjuntura mais parecida com o sistema democrático grego, muito diferente do atual, readaptando esse antigo sistema às necessidades de um mundo infinitamente maior e evolutivamente mais rápido do que as pequenas cidades-estado gregas.  Para isto o poder é divido em núcleos: espécies de comunidade de pessoas que administram determinado espaço ou recurso. Essas comunidades se relacionam e fiscalizam entre si. A princípio é um pouco complicado explicar como a relação dessas comunidades é benéfica e como suas trocas funcionam sem que se tenha em mente cada tipo e função de um núcleo; se faz necessário então explicar como são esses núcleos para depois estabelecer sua relação e benefícios:

Núcleos executivos.
Os núcleos executivos são comunidades de, no máximo, dez mil pessoas que moram próximas umas as outras. São como mini-bairros, ou, a grosso modo, um tipo novo de cidade-estado (no entanto, diferente das cidades-estado gregas, cada indivíduo pode mudar de núcleo à vontade, mas para participar de suas decisões deve ter uma residencia fixa nele). Este é o núcleo base em todo o sistema e o mais poderoso de todos. As pessoas envolvidas neste núcleo tomam e executam as decisões dentro dele e seguem decisões tomadas pelos núcleos superiores, porém, tem o poder de ignorar tais decisões desde que a maior parte dos moradores do núcleo concorde que certa medida é inapropriada. Da mesma forma é este núcleo que controla seu próprio fluxo e aplicação de recursos financeiros. Aqui não há  impostos, é o núcleo como um todo que investe seu dinheiro no patrimônio da maneira que melhor julgar apropriada. Todos os envolvidos tem poder de voto e de legislar sobre as necessidades do núcleo como um todo. Para isto, existe um sistema eletrônico onde os cidadãos se registram online e votam semanalmente nas propostas que foram feitas (uma plataforma que será melhor destacado mais a frente). É claro que para um núcleo deste porte não cair no caos, ele precisa de administradores que organizem todo este sistema, os quais são escolhidos entre moradores do núcleo e substituídos a cada quatro anos. A escolha é feita também através do sistema virtual, cada individuo interessado em participar da administração do núcleo coloca seu nome na plataforma de acordo com suas aptidões (a grosso modo um arquiteto será escolhido para organizar as questões urbanas, um contador, os recursos financeiros etc) então a plataforma sorteia aleatoriamente um escolhido através dos dados informados. A escolha é feita de forma aleatória para evitar que o sistema seja representativo e se torne mais democrático (maiores informações veja o vídeo). Claro que deve haver um certo cuidado aqui, apesar do núcleo ter poder sobre ele mesmo não é independente de todo o sistema. Os outros núcleos ter influência sobre ele. Pois é a única forma de evitar que, mesmo num grupo de dez mil pessoas, as maiorias possam afetar negativamente às minorias.

Núcleos administrativos.
Em pleno século XXI é impossível se pensar um mundo sem grandes setores energéticos, científicos ou informacionais como, por exemplo, hidrelétricas, industria de base e telecomunicações. Obviamente um núcleo do tamanho e com os mínimos recursos que possuem os executivos não teria como administrar nem mesmo desenvolver tais setores. Desta maneira, na hiperdemocracia existem os núcleos administrativos, que são grupos de pessoas escolhidas, de acordo com suas capacidades profissionais, para administrar tais recursos. Aqui a administração não é eleita de forma aleatória como nos executivos, os envolvidos na administração desses recursos são escolhidos pelo poder de voto de todos os núcleos envolvidos. Por exemplo, digamos que dezessete núcleos dependem de determinada hidrelétrica, então serão estes dezessete núcleos que, através de plataforma virtual, irão escolher os administradores de tal recurso. Tais administradores não terão salários (excluindo a necessidade de impostos), no entanto, eles cobram pelos recursos que administram a fim de cobrir a manutenção e para seu próprio lucro como administrador. A administração uma vez escolhida, não precisa ser trocada constantemente, mas pode ser aberta novas eleições a qualquer momento se os núcleos executivos envolvidos julgarem que os lucros da administração atual são abusivos ou que eles fazem um mal trabalho, votando assim pelo seu fim. Ou seja, boas administrações são premiadas com a permanecia em seus cargos e as más são constantemente recicladas. Claro que o julgamento do que se trata uma má administração pode ser meio dúbio do ponto de vista técnico, desta forma, antes de serem abertas novas eleições, as administrações podem tentar se defenderem com dados transparentes de seu fluxo de capital e problemas internos. Mesmo assim, se os núcleos executivos julgarem a administração inapropriada, serão abertas novas eleições. Da mesma maneira o grupo administrativo eleito para tal núcleo pode internamente decidir pela expulsão de um ou mais administradores que não estejam dando conta satisfatória de suas funções. Mas a substituição deles deve ser feita novamente por eleições envolvendo os núcleos executivos. Isto impede as trocas de favores e também evita o máximo possível a corrupção dentro do sistema.

Núcleos sociorganizacionais.
Estes núcleos tem por função organizar os sistemas sociais e culturais dentro ou entre núcleos. Não devem intervir, de modo algum, em decisões feitas pela maioria, desde que elas não prejudiquem nenhum individuo ou o meio-ambiente. Desta maneira, sua principal obrigação é mediar conflitos entre núcleos ou mesmo pessoas dentro de um mesmo núcleo. Também cade a eles assegurar que nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos seja oprimido dentro dos sistemas que por eles são administrados, assim como devem evitar abusos e organizar as políticas para o meio ambiente. Os núcleos sociorganizacionais podem agir em conjunto com os administrativos ou mesmo com um grupo de núcleos executivos para criarem alternativas aos problemas sociais e ambientais. São eles que, porventura, cuidam de órfãos ou de possíveis excluídos dos demais grupos, criando alternativas e oportunidades para que nenhum ser-humano dentro do sistema seja abandonado. Também ajudam a manter, evoluir ou até mesmo criar as manifestações culturais dentro do sistema. Ou seja, diferente dos núcleos anteriores, mais concretos, são eles que mantém as energias psíquicas do grupo em evolução. Sua maior importância é exatamente esta, manter um núcleo ou grupo de núcleos em evolução e troca energética, fazendo de conflitos oportunidades para novas ideias e não deixando que os humanos se autodestruam ou destruam o meio-ambiente. Cada núcleo sociorganizacional deve manter, no máximo, cem núcleos executivos. Seus administradores são escolhidos entre os cidadãos dos executivos que por eles são administrados. A escolha é feita entre os indivíduos na plataforma digital, também de maneira aleatória. O número máximo de indivíduos provindo de cada núcleo executivo deve ser relativamente igual para equilibrar o poder. A troca de administração é feita de quatro em quatro anos, mas diferente dos demais, este é um núcleo cujo novas eleições não podem ser convocadas pelos executivos. Afinal, se trata de uma organização que serve exatamente para mediar os conflitos e não pode, de forma alguma, ser influenciada pelos humores momentâneos dos executivos. No entanto, um núcleo sociorganizacional que pareça abusivo pode ser desmantelado por um grupo de mais de dez outros sociorganizacionais que dividirão sua administração até as novas eleições, porém, este desmantelamento só pode ser analisado após os núcleos executivos (administrados pela suposta opressora) ou o de conexão fazerem um pedido de análise de desmantelamento. Aqui, os recursos destinados ao núcleo são obrigações dos executivos a ele ligados, porém seus valores são votados pelo de conexão ao qual estão conectados. 

Núcleos de conexão. 
O núcleo de conexão tem a mesma função dos núcleos sociorganizacionais. A diferença é que, ao invés de administrarem executivos, eles administram cem núcleos sociorganizacionais. Também todos os núcleos de conexão são ligados entre si e mantém um contínuo fluxo de informação a fim de fiscalizarem os núcleos administrativos dentro do sistema. Sua obrigação é detectar possíveis problemas e abusos, sobretudo no que diz respeito a biosfera e a condição humana. Desta maneira é possível criar uma troca de informação e energia constante entre todos os núcleos e evitar ao máximo conflitos ou má gestão dos recursos. A eleição para estes núcleos também é feita pela plataforma digital através de escolha aleatória entre pessoas competentes, com troca de cargo de quatro em quatro anos. Os salários são mantidos pelos núcleos administrativos a ele conectados e o valor votado pelos executivos.

Núcleo sociocientífico.
Este é um núcleo à parte, pois sua importância para a evolução dos demais grupos é tamanha que o terceiro item do manifesto hiperhumanista visa deixar claro a obrigação que todos os indivíduos tem para investir e desenvolver tal núcleo. É  composto por cientistas de todo o mundo que tenham interesse em aderirem a tal. Neste núcleo existe uma plataforma própria com leis internas que serão propostas e votadas apenas pelos intelectuais a ele ligados. Sua função é desenvolver o pensamento cientifico a fim de evoluir a humanidade e preservar o meio-ambiente. Os envolvidos devem disponibilizar de forma gratuita todos os avanços técnicos desenvolvidos dentro do núcleo (patentes livres). Também é sua função propor leis aos de conexão a fim de proteger a biosfera e a raça humana como um todo. (veja mais informações no item 3 das finalidades do movimento hiperhumanista). 

A plataforma digital hiperhumanista
É de se supor que um sistema como este, totalmente integrado e com decisões feitas em conjunto, necessita de uma maneira ágil e direta para votações. Mesmo que o menor grupo do sistema possua apenas dez mil indivíduos, ainda é um grande demais para que todos se juntem fisicamente a fim de debater e propor suas ideias. Desta forma, todo o sistema hiperhumanista deve estar centrado numa hiperplataforma digital totalmente integrada. Nela, os núcleos de todo o mundo ou de uma nação precisam estar disponíveis e conectados. Cada cidadão deve ter sua senha individual e deve apenas ter o acesso liberado às votações que a ele competem. No entanto, o acesso ao que acontece aos outros núcleos deve ser livre, assim como o acesso as planilhas de fluxo financeiro e produção intelectual (totalmente catalogada e organizada). A ferramenta precisa ser dinâmica e inteligente. Quando um indivíduo se inscreve para ser eleito como administrador de algum núcleo, assim que é eleito, com a mesma senha terá acesso ao conjunto administrativo da plataforma que o compete e que antes não possuía, assim como o contato com os outros indivíduos que pertencem a tal administração. Da mesma maneira, o cancelamento da administração deve ser automaticamente atualizado, impedindo que o mesmo individuo tenha acesso as antigas informações e liberando estas aos novos administradores digitalmente eleitos. Já as propostas de lei ou aplicação de recursos em cada setor necessitam de uma classificação muito bem delineada a fim de separar itens de interesse e fluxo de recursos disponíveis para aplicações. Afinal, não são todos os indivíduos que irão votar em todas as propostas de seu núcleo, isso seria impraticável. Cada pessoa irá votar nas áreas de seu interesse maior e a plataforma irá calcular as abstenções e o voto da maioria. Porém, a classificação dos itens precisa ser bem cuidada a fim de que não limite nenhum tipo de proposta inovadora. A plataforma também deve possuir setores para debates, onde os integrantes poderão gravar seus discursos em vídeo que se intercalem de forma dialética, não truncada ou talvez com debates ao vivo em multitelas onde haja um administrador que libere a palavra de um palestrante por vez. Enfim, é um aparato extremamente complexo que deve ser pensado em conjunto por técnicos e pensadores do setores informático e social. Criar esta plataforma à partir dos ideias hiperhumanistas é praticamente dar o passo fundamental para por em prática este sistema político no mundo. Uma plataforma que iluminará as interações entre as novas gerações e elevará nosso potencial evolutivo a um nível jamais visto até então.

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